Rosa Araujo
Vivia em seu mundo iluminado, protegida de quaisquer atropelos. Distribuía sua luz a quem vinha em sua direção e era feliz assim. Desconhecia dor, maldade ou qualquer coisa que pudesse turbar sua vida.
Um dia, deparou-se com ele. Tinha uma luz difusa, que parecia se apagar e se acender sem aviso. Possuia um sorriso doce, uma voz suave, um jeito de menino que a encantou. Se completavam, é bem verdade. Onde um era luz o outro sombra.
Começaram a passar muito tempo juntos e ela, sem perceber, doou muito de sua luz a ele. Ele, começou a se sentir mais forte, mais dono de si e já não fazia tanta questão da presença dela ao seu lado.
Ela, ao se perceber não mais tão necessária, entristeceu -se, ensimesmou-se. Ele, cada vez mais iluminado, deixava-a para trás. As vezes, quando sentia-se mais abatido, voltava a procurá-la,pois sabia que a generosidade dela era infinita.
Observada e aconselhada pelos seus, resolveu então, que era hora de deixa-lo para trás definitivamente se quisesse continuar viva.
Retirou-se. Ele, ao perceber que a perdera de fato, correu atrás dela. Não podia viver sem sua luz! O que seria dele sem ela para alimenta-lo?
Ela, refeita, observava-o a distância. Via ele voltar ao velho padrão de intermitência. Acompanhou-o de longe até ele escurecer e apagar-se de vez.
Entendeu que ele era uma parte sua,pois a dor de vê-lo se apagar foi imensa, porém, compreendeu também, que teve que deixá-lo ir, pois, nunca esteve preparado para entender que duas chamas se completam, se fortalecem e se tornam uma. Um dia, ela sabia,ele estaria preparado e ela estaria ali para serem finalmente um.
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