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Foto do escritorRosa Scarlett

Flor delicada



Rosa Scarlett


Karen havia tomado banho há algumas horas, mas ainda usava seu roupão felpudo, todo rosa. Dançava pelo quarto e cantarolava "lá lá lá". Com os fones de ouvido, nem escutou a mãe falando: "Vai dormir, amanhã você acorda cedo!"

A jovem procurava alguma coisa, cantarolava e dançava, tudo ao mesmo tempo ouvindo uma música dos The Carpenters e ia fazendo sua versão como era de costume "pinte, pinte seu coração, lá, lá, lá". A mãe a chamava de pessoinha antiga e ela não estava nem aí, perdida entre cores e sons, vivia em seu próprio tempo.

Karen estava com uma imagem que não conseguia tirar da cabeça. Buscava seus pincéis, mas a gata Mimi não lhe dava sossego. Queria atenção, não parava quieta e a jovem não resistiu, ficou um tempo sentada na cama acariciando aquele pelo branco e fofinho.

A jovem se deitou na cama para abraçar ainda mais a gata e sentiu que um pincel estava ali, bem embaixo de sua colcha cheia de rosinhas amarelas.

Karen sabia a cor que queria fazer, buscou uma parte da parede ainda branca, a puxou sua cadeira rosa bebê que estava em frente a penteadeira e ficou sentada observando as estrelas azuis no meio da parede. Lembrou do dia em que fez a arte, foi num sábado de tarde, deu muito trabalho, mas quando finalizou, Karen cobriu as janelas com seu edredom mais grosso e colocou uma luz azul na luminária, ela se deitou no chão e ficou por ali acreditando que estava flutuando no céu, as nuvens eram tão macias, assim pensava enquanto sentia o toque da colcha de pompons que ela colocara no piso.

Acordou de suas lembranças com a ideia de que precisava pintar aquela imagem. A primavera havia chegado e a natureza dava um show pelas ruas. Karen não sabia onde viu aquela imagem na rua ou se foi na própria mente. Onde estaria a tinta?

Mimi não parava quieta e brincava com a cortina creme, cheia de desenhos de novelo de lã amarelos. Sua dona falava com a gata e continuava a busca pelas tintas. Não estavam na penteadeira, nem nas gavetas, nem na pequena estante, onde livros, tintas, vidros de perfume e esmaltes conviviam de forma harmoniosa e bela.

Resolveu pegar um esmalte, quem não tem cão, caça com gata e quem não tem tinta, pinta com esmalte. Fez os primeiros traços com lápis na parede, gostou e resolveu pintar com o esmalte rosa para ver se seria aquele tom. Ainda não era o que buscava, mas talvez se ela pegasse outro...a jovem mal completou seus pensamentos e tomou um susto com a gata que puxou a cortina e trouxe o leve varal ao chão.

Karen pegou Mimi e olhou a gata, viu que não estava machucada e riu da arte. A jovem percebeu que atrás da cortina estava o pote de tinta que buscava, tratou de pintar por cima do esmalte na parede, porém não era o que havia imaginado. Então, ela tirou suas pantufas rosas, subiu na cama e concluiu: "ficou muito melhor!"

E por ali ficou dançando em cima da cama enquanto observava a flor. Queria pintar outras e se perguntou: "Qual será a flor mais delicada?"


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