Isabel Rosa
Liz vivia seu cotidiano, acordava, escovava seus dentes, tomava seu café e ia trabalhar, como sempre. Aos fins de semana, ficava em casa pensando em como a semana foi ou vendo televisão, entediada. Até que em um fim de semana, sua amiga Agnes convidou-a para uma festa que iria fazer em sua casa.
Ela não tinha muitas amizades, e passava por um momento de saúde um tanto complicado: havia sido diagnosticada com uma espécie raro de câncer de pele. Agnes, então, queria alegrar a amiga.
Liz não muito animada foi para o evento apenas para não entristecer sua amiga. Chegando lá, o espaço estava lindo, com decorações brilhantes, cheio de luzes, tão colorido que chegavam a estontear. Ela nunca tinha visto tantas cores, luzes e tanta gente, Liz pensou: “Agnes tem muitos amigos”!
Conversou com muitas pessoas diferentes mas, não eram interessantes. Para Liz, todas pessoas têm sempre os mesmos perfis: ou trabalhadores, ou não sabem o que querem da vida, ou não trabalham ou são ricas. Sentia-se na verdade, amargurada, por conta da sua recém-descoberta enfermidade.
Até que Liz percebeu uma pessoa diferente das outras, era um homem diferente dos outros. Um tanto pálido, alto, cabelos e olhos claros e roupas um tanto fora de moda. O rapaz, de mais ou menos uns trinta anos, se aproximou dela e travaram um diálogo. Se apresentou, como médico dermatologista, porém, Liz não prestou muita atenção ao nome dele, pois parecia estar como se estivesse dentro de uma névoa esquisita. Só achou o nome um tanto incomum, algo que soava como “alecrim”, “jasmim”.
O homem tinha um jeito muito amigável, e, ao se aproximar um pouco mais de Liz, pegou as suas mãos com um toque bem suave. Ela sentiu uma tontura estranha, uma fraqueza, como se tivesse um desfalecimento rápido, mas, logo, voltou ao normal.
Conversaram ao longo da festa por muito tempo, até que notaram que já estava muito tarde e a festa quase acabando. O homem disse, “preciso ir, tenho um outro compromisso urgente”. Liz perguntou se ele poderia lhe passar o número de celular. Ele pegou um papel e um lápis que havia no bolso de seu casaco e escreveu um número e a deu.
Com o fim da festa, a caminho de casa, Liz percebeu um detalhe diferente no número que o homem havia lhe passado, ele tinha um código de área diferente do país. Ela pensou, “será que ele era estrangeiro?” Ficou intrigada com aquele fato.
Ela estava ansiosa para adicionar o número. Rapidamente ligou seu celular, escreveu o número no aplicativo de contatos e enviou uma mensagem, no perfil estava informando que a última vez em que foi visto foi em 19 de outubro de 2015. Liz ficou surpresa e exclamou "Como assim? 2015? Isso é muito estranho!" Ela foi dormir pensando nisso, no número diferente e na última vez que o telefone teve uma visualização.
No dia seguinte, Liz verificou a mensagem para ver se foi lida e nada, então ela se recordou claramente do nome que o homem havia falado: Benjamin Lincoln Miller.
Pesquisou em vários sites e não achou nada sobre ele! Ficou pensando quem verdadeiramente era, se ele era um golpista, talvez… então teve uma ideia. Perguntou para Agnes sobre o sujeito, Agnes a respondeu dizendo que não havia nenhum amigo dela com o nome de Benjamin na lista da festa.
A moça ficou assustada com o ocorrido. Perguntou a Agnes se nunca conheceu ninguém com esse nome, ela respondeu: "Sim, conheci sim um dermatologista americano com esse nome, mas ele morreu há 7 anos, ele não ressuscitaria para ir a festa, né?" Liz pasma respondeu, "Sim! Claro, que loucura devo ter me confundido!"
Em choque depois de saber tudo isso pensou, “meu Deus, será que era possível? Será que era o mesmo Benjamim?” Passou o resto do dia pensando nesse fato tão esquisito.
No dia seguinte, ao chegar ao escritório, retornou às pesquisas. Procurou em vários sites americanos de medicina dermatológica, de repente, ela bateu o olho em uma fotografia do homem que a havia abordado na festa.
Abaixo da foto, estava escrito a seguinte legenda: Benjamin Lincoln Miller, nascido em 25 de outubro de 1978 em Illinois, EUA, falecido em 19 de outubro de 2015, em um acidente automobilístico, no Rio de Janeiro, Brasil.
Liz arrepiou-se da cabeça aos pés. Saiu correndo pelo escritório e entrou no banheiro. Tirou a blusa e procurou o estranho sinal amarronzado nas costas, olhando no espelho. Este sinal mostrava que ela tinha um melanoma maligno em desenvolvimento, que, pelos exames que havia feito, poderia matá-la
Qual não foi sua surpresa ao não ver mais a mancha?
Marcou uma consulta com o seu médico. Ao sair o resultado dos exames descobriu que estava curada.
ISABEL ROSA é uma apaixonada por gatos, astrologia, tarô, plantas, matemática e leitura. É uma excelente estudante. Faz artesanato a 4 anos. Atualmente tem uma gatinha chamada Mila e mora em Seropédica RJ com sua família
Comments